Partimos do Oiapoque às 15h30 e agora seriam apenas 80 milhas até Iles du Salut, na Guiana Francesa. Pela primeira vez nos preparamos para adentrar em águas internacionais e a primeira providencia foi colocar a bandeira da França no estai de boreste… comemoramos! Uhuuuuuuu!
É um pouco tenso navegar por essa região, existem muitos barcos de pesca e muitas redes espalhadas, parece um labirinto, eles, os pescadores, cercam o mar e sinalizam com bandeiras, como vocês podem ver na foto abaixo e a gente tem que ficar fazendo caminhos alternativos para não passar em cima do material deles e o pior, enroscar no barco, no helice do motor. Já os pescadores não são nada simpáticos, ficam falando besteira no rádio o tempo todo e quando nos aproximamos de uma rede ficam chamando a gente como uns loucos por medo de cortarmos o material deles… mas quando nós os chamamos no rádio para perguntar algo sobre as redes, onde estão, onde começam, onde terminam… silêncio total… ninguém responde. Não foi fácil.
Olha ai o Andante entrando em águas internacionais, essa é a imagem de um programa de navegação que usamos. Mal passamos essa divisa e no rádio agora só se ouve falar em francês… Agora danou-se! Vixi Maria, tomara que ninguém chame a gente, também se chamar não vamos saber… rsrsrsrs… Caraca!
Pôr do Sol Internacional… ehehehehehe!
O Fer e eu fazemos turnos… durante o dia ficamos juntos no cockpit, fazemos comida, lemos, batemos papo, ficamos admirando a paisagem e a partir das 19h ou 20h iniciamos um revezamento em turnos com duração de 3h. Assim ficou legal, a gente consegue descansar e vigiar a noite toda. A lua apareceu bem tarde da noite, antes disso escuridão total… Aff! Dá um medinho… rsrsrsrsrsrs.
Chegamos a Iles du Salut às 6h da manhã com o Sol nascendo. Lindo visual!
As Iles du Salut são um conjunto de 3 ilhas, Ile St. Joseph, Ile du Diable e Ile Royale, que é onde estamos. Aqui funcionou, por mais de 100 anos, um dos mais cruéis sistemas penitenciários do mundo.
Desembarcamos e fomos explorar a Ile Royale, foi dada a largada para que nós começássemos imaginar tudo que se passou pelos lugares onde estávamos caminhando, por exemplo, no mesmo portinho onde desembarcamos ancorava o famoso navio Martinière, especialmente para desembarcar condenados vindos da França, a Guiana tornou-se um depósito de presos. Fiquei tentando imaginar o que se passava na cabeça desses desafortunados quando adentravam essa ilha, pelo mesmo caminho onde estávamos passando agora, na maioria da vezes pra nunca mais sair dela… é de arrepiar!
As ilhas são exuberantes, realmente muito bonitas e é estranho imaginar que aqui num passado não tão distante existiu um verdadeiro inferno. Quanta história… quanto sofrimento. Hoje as Ilhas se transformaram em atração turistica, mas é impossivel não sentir a energia do lugar.
Os macaquinhos vem comer na não…
Quando eu e o Fernando vimos esse prédio, já pensamos que daria um belo Bar do Português, com vista para o mar… Talvez por que estávamos com uma super sede e loucos pra tomar uma cervejinha depois de caminharmos bastante pela ilha num calor do cão, imaginem se encontrássemos ai… o Melhoooor Chopp, o Chopp do Bar do Português, o mais cremoso, o mais gostoso, o mais gelado, o mais premiado… ai que saudade! Delirei agora… rsrsrsrsrs.
Bem, dentro desse prédio, que num delirio, vislumbramos um Bar do Português… existe um pequeno museu que conta a história das ilhas. E lá estava ele… quem eu procurava, Henri Charrière, que escreveu o famoso livro Papillon e que acabou virando filme, um dos presos mais ilustres da Ilha do Diabo.
Não deixamos é claro, de assinar o livro de visitas.
Ai está a Ilha do Diabo, mais ou menos uns 300m de onde estamos, na Royale. Imagino Papillon estudando a corrente, que realmente é muito forte entre as ilhas, para saltar em cima de sacos de côco e conseguir fugir depois de mutio tempo e sofrimento. Liberdade… o que é a liberdade? Acho que só conhecemos o sentido real quando a perdemos, do contrário não nos damos conta do quanto ela é importante, afinal ela existe e estamos acostumados com ela… é muito louco isso.
Aqui na Guiana dizem que ninguém nunca fugiu da Ilha do Diabo e não acreditam na história do livro, mas a verdade é que Henri Charrière, colocou as Iles de Salut no mapa depois do lançamento de seu livro e filme, isso ninguém pode negar.
Continuamos nosso passeio pelo passado e encontramos em uma parte plana no alto da Ilha algumas construções como, uma Igreja, cozinha, hospital e a carceragem, tudo com cara de quartel, ou melhor… estava mais para campo de concentração.
Continuamos andando e tivemos uma miragem… parecem barris de chopp, será?
E eram barris, mas não tinha chopp… o que nos restou foram as latinhas de Heineken, pelo menos estavam geladas.
No caminho de volta… olha lá, o Andante, já ansioso pela nossa chegada. Eita, mas esse barco ta ficando mimadão. Rsrsrs. Foi um dia maravilhoso e uma viagem no tempo.
4 comentários:
Que legaaaallll!!!!!Sabe filha lendo o que vc escreve eu tenho a nitida impressão de estar ai pertinho de vcs, que bom, fecho os olhos e posso sentir vc do meu ladinho,sinto até seu cheiro; que saudades!!!!!amo vcs muito, sintam-se beijados e abraçados por mim, com muito amor, ficam com Deus....
Sua mãe boba Vani
Paulinha e Fernando
Parabéns pela internacionalidade ( sei lá se essa palavra existe... rsrsrsrsrs ) Muito dez, fico arrepiado lendo sobre essas histórias que vcs vão passando. Aproveitem ao máximo toda essa cultura !!!
Abraços
Mauricio e Sílvia
Paula, parabens! Que exagero de detalhes! É por isso que acompanho diariamente o blog. Cada dia a gente se sente um companheiro de viajem a mais. Continuem, sim.... Sua mãe expressou tudo!
Paulinha, literalmente que viagem!!!!
Só quem leu livros de aventuras e Papillon, sabe do que vc está falando. A emoção de estar aí vivenciando cada linha deve ser demais!. Um dia acabo pedindo carona. Beijo e boa viagem
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