TRAVESSIA LISBOA–MADEIRA

 

No dia de partirmos, 04/11 (Domingo), ainda tinhamos que fazer a nossa saída no SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), já haviamos ido até lá (é ali mesmo, no porto, mas é uma boa caminhada) durante a semana pra saber se funcionava aos Domingos e se era necessário fazer a saida já que íamos para a Madeira, que faz parte de Portugal… Bem, o policial nos disse que teriamos que fazer a saida sim, que teria que ser no mesmo dia da nossa partida e que funciona normalmente todos os dias da semana, ok então… vamos lá!

No caminho, encontramos o primo Antônio que veio se despedir de nós e acabou nos levando até o SEF… ehehehehe… “boléia”, ou pra nós brasileiros “carona”.

Pra nossa surpresa, disseram-nos que não precisávamos fazer a saída, pois Madeira faz parte de Portugal… Ahhhh tááááá… e nós fomos até lá antes pra perguntar o quê??? Bem, mas já que estávamos lá… o cara então decidiu tirar cópias dos nossos passaportes pra arquivar. Nossa! Quando se trata desses assuntos de entradas e saídas, principalmente da “confusa” União Européia é dificil chegarem num acordo… nós queremos fazer tudo direitinho e ficamos que nem baratas tontas a andar de um lado para outro… mas tá feito… então vamos lá!

O Antônio nos acompanhou até o último momento…

… e nos deu a “honra” de soltar as amarras do Andante para darmos início a nossa viagem de volta ao Brasil. Isso só poderá nos dar sorte… muita sorte! Valeu primo Antônio! Até um dia… e que seja breve!

Pronto! Amarras soltas, vamos deixar mais um porto… levaremos ótimas lembranças! Pra esse momento o Fer vestiu mais uma vez a camiseta do pai, o Seu Zé.

Ainda paramos na Doca de Belém para abastecer o Andante de diesel.

Vamos deixando pra traz, a Ponte 25 de Abril, o Padrão do Descobrimento e a Torre de Belém… que por muito tempo foi cenário do nosso cotidiano.

E lá… bem pra frente, na Marina de Oeiras, estavam eles, incansáveis nos acenos que nos emocionaram…

João, Zé Carlos, Francisco, Zé Mendes, Sandra, Conceição e a Margarida por entre as pernas…

Entre buzinas, acenos e gritos de adeus… ficamos eu e Fer, enrolados nas bandeiras do Brasil e de Portugal a ver a imagem deles ficando cada vez menor até desaparecer por completo… um vazio…

Mas o show tem que continuar… por isso seguimos nosso caminho e Lisboa também vai sumindo no horizonte.

Algumas horas depois um vento forte nos pegou de surpresa, não estava previsto, baixamos a vela grande que já estava no primeiro para o segundo rizo… e mais tarde (no outro dia) vimos que esta manobra danificou a costura do punho do rizo, o Fer tentou costurar, mas as agulhas não resistiram… conclusão, agora só podemos usar a vela inteira ou no primeiro rizo.

Golfinhos nos acompanharam… e eu e o Fer parecíamos duas crianças a gritar e fazer barulho pra chamá-los… eles estavam com a corda toda, pulavam e trançavam na proa do Andante…

Um maravilhoso entardecer no mar com a companhia encantadora desses animais pra lá de especiais…

Na última madrugada passou por nós o gigante dos mares, o transatlântico “Queen Mary 2”, um dos maiores navios de passageiros do mundo, na verdade ele foi o maior até 2009 e a partir dai perdeu o posto para outro gigante, o “Oasis of the Seas”… mas contudo, é muito imponente e belo, navegando a noite com todas as suas luzes acesas… uma bela visão e passou a meia milha de nós e mudou sua rota para dar preferência ao Andante, é mole? Na foto: aquelas luzes lá atraz são do Queen Mary.

No dia da chegada, um lindo nascer do Sol…

Percorremos 516 milhas em 95 horas, dessas, 8 horas foram no motor e o restante velejando… Ventos entre 10 e 25 nós, predominantes de NE e mudando para NO na última madrugada… esse foi resumo técnico da velejada. Fiquei um pouco indisposta pra variar, mesmo tomando Meclin, mas acho que sem ele seria pior, isso também serviu pra eu perder um pouco de peso e não voltar rolando para o Brasil… rsrsrsrs. Até o Comandante se sentiu indisposto, acho que ficamos muito tempo em terra… mas sobrevivemos, rsrsrsrs.

Na proa do Andante… a Ilha da Madeira… liiiinda!

É tão bom quando avistamos nosso objetivo, uma sensação única!

Optamos por ficar na Marina Quinta do Lorde, aconselhados pelo Hugo, do Veleiro Maruja, que passou por aqui a pouco tempo, Funchal está sempre congestionada de barcos e aqui parece ser mais tranquilo.

A recepção na marina foi especial, Orlando nos ajudou a atracar e no escritório fomos atendidos pela Cátia, com uma simpátia tamanha, nos fez sentir acolhidos… ahhhh se todos fossem assim, o mundo seria perfeito.

A Marina Quinta do Lorde é muito organizada, possui banheiros lindos, com duchas espaçosas, lavanderia, com máquinas de lavar, secar e local pra passar roupas, tudo self-service, dispõem de um serviço muito interessante, uma van ou carrinha como chamam aqui em Portugal, para nos levar ao mercado mais próximo gratuitamente, por duas vezes ao dia… um espetáculo, tem bar e restaurante também, muito importante, claro! Amamos o lugar! Valeu Hugo!

Claro que na nossa chegada, uma cervejinha pra comemorar!

Agora a nossa difícil tarefa é explorar essa ilha maravilhosa, vamos lá!!! Depois contamos tudinho! Fiquem com um video que preparei para que tenham uma idéia mais clara da nossa travessia.