O arquiélago da Madeira é constituído por 8 ilhas, das quais apenas 2 são habitadas, Madeira e Porto Santo, restam então mais 2 grupos de ilhas, as Desertas que são 3 e as Selvagens que são mais 3, todas desabitadas.
Na foto abaixo está a Ponta de São Lourenço, que fica no lado oriental da ilha, as formações rochosas aí existentes são esculpidas pela força do mar, que deste lado, está livre da proteção da ilha e formam uma linda paisagem… apesar de assutadora, afinal podemos sentir a força da natureza a soprar forte até zumbir em nossos ouvidos e nos fazer perder o equilíbrio, tamanha a sua intensidade… bem diferente da paisagem suave da costa sul da ilha.
Desse ponto ainda podemos avistar a costa norte e sul da Madeira e ainda a ilha de Porto Santo.
A Madeira, a única das ilhas que estivemos, tem relevo bastante acidentado, repletas de vales e picos, sendo um dos seus pontos mais altos o Pico do Areeiro (1818m)… estivemos lá, mas não coseguimos ver nada devido às nuvens terem tomado conta da paisagem.
Por conta desse relevo acidentado, a ilha é tomada por curvas e mais curvas e também por muitos, mas muitos túneis mesmo, um investimento gigante na Madeira, que possui auto estradas, vias rápidas, ótima pavimentação… um espetáculo! E eu que ficava de boca aberta sempre ao descer a nossa Serra do Mar pela Rodovia dos Imigrantes…e pensar naquela obra gigantesca, vários túneis iluminados e bem estruturados, que sem dúvida constitui uma grande obra, mas aqui o investimento foi ainda maior e se levarmos em conta que é uma ilha… caramba!
A Marina Quinta do Lorde, fica em Caniçal, é Caniçal… mas não é o Fundeiro… rsrsrsrs, e estávamos a 30 km de Funchal, por isso alugamos um carro por 3 dias para podermos dar um rolê na ilha.
Aqui está a Marina de Funchal, sempre abarrotada de embarcações, fica bem em frente ao porto onde param os cruzeiros e descarregam milhares de turistas todas os dias.
Lá de cima, avistamos uma pintura de um veleiro brasileiro estampada no muro da marina, assim como fizemos na Marina de Horta, no Faial. Com um zoom, conseguimos ver que se tratava do Veleiro Rapunzel, do casal Marçal e Eneida Ceccon que deixaram sua marca ao passar pela Madeira em 2005. Muito legal esse registro, não é?
Paradinha gastronômica, olha só a cara do Fer posando ao lado dessa lagosta.
Hummmm… Amêijoas, tenho que aproveitar enquanto as encontro, porque sei que no Brasil não há… dessa vez não me esqueci de pedir para não colocar os COENTROS e estavam uma delícia!
Esse é o famoso Filé de Espada Negra com Banana, aquele peixe comprido e preto com os olhos grandes esbugalhados… ele tem uma aparência horrível, mas é delicioso, tem a carne bem branquinha, macia e vem acompanhado com legumes cozidos… além de tudo, um prato super saudável. Ah… nesse dia também provamos a famosa espetada de carne em pau de louro… pra nós que temos uma grande oferta de carnes no Brasil, esse prato não nos diz muito… a carne que eles usam é o filet mignon, muito tenra, mas com pouco sabor… nós preferimos mesmo, aquela picanha suculenta com alho… hummm.
Essa é a Sé do Funchal, situada no centro histórico, é um dos poucos edificios que sobreviveram intactos desde os tempos da colonização. Ela foi concluída em 1514, possui fachada simples, mas tem belo portal gótico.
E por falar em colonização, vamos primeiro ao descobrimento. Existe uma teoria de que as ilhas de Porto Santo e Madeira foram descobertas pelos romanos, muito antes dos portugueses… mas, não sou eu que vou colocar esse assunto em discussão… oficialmente foi descoberta primeiro a ilha de Porto Santo em 1418 e em 1419 a Ilha da Madeira, as duas pelos navegantes Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco. Por volta de 1425, deu-se a colonização dessas ilhas por colonos portugueses, ó pá!… Supostamente por iniciativa do Infante D. Henrique. Viajar também é cultura… ehehehe! Como é gostoso aprender dessa maneira.
Fomos conhecer uma cave de vinho Madeira, o Blandy’s… e acreditem, gostaríamos de fazer a visita guiada, mas pra nossa surpresa nos informaram que não havia guia em “português”… Como?… em território onde a língua oficial é o português, só haviam guias em inglês e alemão… essa foi demais… que vergonha, que tal darmos um pouco mais de valor a nossa língua… não seria nada mal, eu penso.
No entanto, podíamos visitar uma parte da cave, então fomos, depois pesquisamos sobre o vinho na internet… fazer o quê?
Bem, então vamos lá… O solo e o clima únicos da Ilha da Madeira, tal como o processo de produção e o tipo de uva cultivada contribuiram para que o “Vinho Madeira” obtivesse um paladar ímpar e inigualável. Apreciado desde o princípio por reis, príncipes, generais e exploradores, também foi elogiado por Shakespeare em algumas de suas peças. E lógico que eu e o Fer também aprovamos esse líquido dourado apreciado por tantos… nesse caso um do tipo seco envelhecido por 10 anos…hummm delicioso! Uma curiosidade, esse vinho foi escolhido para celebrar a Independência dos EUA, em 1776… viu que importante!
Seguem algumas imagens de Funchal…
Mais um prato típico… Lapas Grelhadas…
Esse prato é típico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, variando apenas o tempero, nos Açores são grelhadas com manteiga, sal, alho e massa de pimentão e na Madeira, com mateiga, sal, limão e pimenta… eu particularmente prefiro a dos Açores, achei que as Lapas da Madeira tem um sabor muito forte de mar… se é que me entendem… mas de qualquer forma temos que provar, não é mesmo? Já o Fer gosta das duas versões, não tem preferência, afinal ele adora tudo que é do mar. Como podem ver é uma concha diferente, exótica e bonita ao mesmo tempo.
Lembram daquele problema no punho do segundo rizo da vela principal? Pronto… resolvido, as duas secretárias, Cátia e Nicole, da Marina Quinta do Lorde, muito prontamente providenciaram uma pessoa pra fazer o reparo, está ai o Tulíbio, fazendo o serviço, que parece ter ficado muito bom. Valeu meninas!
Voltamos a Funchal, agora pra subir até Monte de teleférico…
… e descer de “caixote”, ou melhor de “cesto”, eu sempre errava o nome do meio de transporte… rsrsrs.
A subida é interessante, podemos avistar a cidade de Funchal todinha, um aglomerado de casas a se espremer entre estreitas e pequenas ladeiras que levam até o mar. As casas parecem obedecer um padrão, todas são pintadas em tons que vão do branco, passando pelo bege, camurça, amarelo, salmão e rosa, não notei por exemplo, casas azuis ou verdes e todas com as esquadrias e janelas escuras.
Comemorando a subida e ansiosos pela descida… eheheh!
A descida no cesto de vime, é uma tradição de mais de 300 anos na Ilha da Madeira e que é passado de pai pra filho… os condutores estão sempre vestidos a caráter e com o típico chapéu de palha da ilha. Olha nós dois aí, prontos pra mais uma aventura!
Eles empurram o cesto e vão apoiados de pé atrás, assim descemos 2 km por estreitas ruas sinuosas em uma velocidade considerável… e o freio são os sapatos deles, com as solas gastas… ou seja, pneus carecas. Ai meu Deus!
No meio do caminho eles param para passar sebo debaixo do cesto…
E lá vamos nós! O primo Zé Alfaia, de Lisboa, nos confessou que tem medo de fazer esse passeio… rsrsrsrsrs – Pára com isso Zé, pode fazer que vale a pena, deixa de ser medroso!
Ufa! Terminou… foi demais! Valeu a experiência, mas o pior estava por vir… descer a pé, 3km de ladeira super íngrime até Funchal… eita que as coxinhas pediram arrego! Rsrsrsrs.
No meio do caminho, encontramos uma portinha, um bar muito pequeno, com uma senhorinha simpática no balcão, a D. Maria, que nasceu na Madeira e trabalha nesse lugar há mais de 40 anos… é mole? Tomamos uma cervejinha, aqui marca local é a Coral e continuamos a descer até Funchal… valeu! Acho que perdemos umas calorias pra ganhar outras logo em seguida…
Aqui, outra comida típica da Madeira, o Bolo do Caco, é feito de trigo e depois de fermentar durante 3 dias, são feitas bolachas de aproximadamente 3cm de espessura e um palmo de diâmetro. É colocado para assar da forma tradicional sobre uma pedra de basalto em temperatura escaldante, hoje essa pedra já foi substituída por placas de cimento.
No meio do pão, manteiga com alho… hummm, salivei! Bem, o sabor é muito similar ao pãozinho de alho que acompanham os nossos famosos “churrascos”. Chegam quentinhos à mesa e são sempre servidos como entradas e acompanhamentos. Bom… Bom… Bom!
Em uma das ruas do centro histórico, um beco de arte, um local onde se vende, quadros, artesanato e principalmente obras feitas por artistas locais.
Nas paredes e nas portas da antiga rua, manifestações artísticas dão um charme ao local.
Da Eira do Serrado a 1095m de altura, podemos avistar esse imenso vale onde se encontra a pequena vila de Curral das Freiras, é uma visão de tirar o fôlego e chega a dar vertigem tamanha a altura que estamos… Descobri aqui, que o Fer tem medo de altura… rsrsrsrs.
Olha aí… o Fer aliviado por estarmos saindo do miradouro tão alto… rsrsrsrs.
Outra comidinha típica… Milho Frito, pra nós Polenta Frita, só que aqui é bem branquinha por dentro, deve ser a variedade do milho, mas o sabor é praticamente o mesmo.
Aqui a entrada da Marina Quinta do Lorde.
Faz parte da Marina, um Condomínio de casas muito bonitas que foi lançado em Outubro desse ano, o lugar é um charme.
Ah… olha que legal… esse barco foi transformado em restaurante e está do lado oposto da Marina de Funchal, pertenceu a famosa banda britânica “Beatles”.
Após ter sofrido um acidente próximo as Ilhas Canárias e quase ter virado sucata, foi comprado por um empresário de Funchal que o levou para a Madeira em 1984 e o transformou em Bar e Restaurante. Hoje é frequentado por turistas e fãs da banda, o nome do restaurante é Vagrant.
Mais uma delícia portuguesa, castanhas assadas num carrinho de rua… o Fer adoooora!
Bela vista!
Cabo Girão, situado a Oeste de Funchal é um paredão vertical, com 580m de altura que termina diretamente no mar… aff!… é muuuito alto! É a segunda maior falésia do mundo!
Possui um miradouro de vidro que avança sobre o paredão e isso dá uma certa vertigem… debruçar sobre o corrimão e olhar para baixo é uma verdadeira aventura…ehehehehe! A visão é simplesmente espetacular!
Essa placa diz que “nossos pés estão a exatos 580m acima do nível do mar”… show!
Uma bela visão da Câmara dos Lobos e de Funchal.
Ainda fomos presenteados com um belo pôr-do-sol.
Lá de cima, olhando para o mar sem saber onde ele termina e começa o céu, me ocorre uma sensação estranha por estar vendo essa imensidão por outra perspectiva… dalí imagino que jamais seria capaz de me aventurar nessa infinidade de água, nesse universo gigante sendo nós, eu, o Fer e o Andante tão pequeninos e insignificantes… parece que o mar pode nos engolir… Meu Deus! Num devaneio, penso – Devem ser loucos esses que atravessam um oceano… rsrsrs. – Quando páro e penso no que estamos fazendo, aí que não organizo minhas idéias mesmo… rsrsrs. É uma loucura e ao mesmo tão possivel! Afinal quando estamos no Andante prestes a partir novamente para o mar… já não me parece tão assustador…
Mais comidinhas…agora os famosos Bolinhos de Bacalhau, aqui chamados de Pastéis de Bacalhau. Bem sempre que temos a oportunidade (e foram muitas), provamos esse petisco pra comparar com o nosso, do Bar do Português, no entanto, o que tenho a dizer é que fazemos o “autêntico” Pastel de Bacalhau, sem por nem tirar nada, são muito ou perfeitamente fiéis a receita portuguesa.
Só uma curiosidade… aqui eles veem acompanhados de arroz e feijão… rsrsrsrs, no mínimo engraçado pra nós.
Bem… ainda faltava o Mercado dos Lavradores pra conhecer… então vamos lá, em nosso último dia.
Famoso por oferecer de tudo um pouco, mas tenho que confessar, com um certo orgulho, aliás um enorme orgulho, o nosso Mercado Municipal de São Paulo… é fantástico! E muuuuuito melhor!
Mesmo assim o Mercado dos Lavradores não perde o seu valor , claro. Construido na década de 30, numa combinação de art deco e modernismo, o mercado oferece aos turistas uma grande variedade de frutas, verduras, legumes, pescados, temperos e artesanato local que brinda seus visitantes com muitos aromas.
Olha que diferente, essa é uma variedade de Couve-Flor.
Pimentas secas, o Fer não resistiu.
Já eu quis experimentar essa fruta exótica, o Ananás-banana, pra nós o Abacaxi-banana… tem sabor das duas frutas misturadas, o doce da banana com a acidez do abacaxi, ela pinica um pouco a língua e tem uma baba igual a jaca… será que dá pra ter uma idéia? Rsrsrsrs…Compramos uma… adorei!
Maracujás… são muitas as variedades, só nesta foto são 6, Maracujá Tomate, Maracujá Roxo, Maracujá Amarelo, maracujá… maracujá… caraca! São muito perfumados, também compramos… rsrs.
A Madeira se assemelha muito ao Brasil nesse aspecto, tem bananas, pitangas, maracujás, milho, batata doce, cana-de-açucar e outros produtos.
Mais comidinhas, Carne de Vinha d’alhos no Bolo do Caco… é uma carne de porco magra, preparada com vinho branco, azeite, alho, louro, cravo da índia, pimenta… vixi, uma delícia!… eita, quero ver fazer dieta! Preciso mesmo é fazer jejum…
E não poderia faltar, é claro, o Bolo de Mel de Cana da Madeira, de acordo com a tradição ele deve ser preparado no dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, dando início aos preparativos para o Natal, também é tradição comer os últimos bolos da fornada do ano anterior, já que ele se conserva por um ano. É claro, que hoje esse bolo é feito em grande escala, mas algumas famílias ainda conservam a tradição de prepará-los apenas uma vez por ano. Esse bolo é muito gostoso, tem o sabor típico do mel e ainda sentimos os aromas, de erva-doce, cravo da índia e canela, sua massa é escura, pesada e também é bem calóóóórico… aff, não posso nem olhar que já engordo. Credo… rsrsrs.
Na saída do mercado nos deparamos com essa cena que achei interessante… rsrsrs. Os dois embaixo jogando baralho e o restante em cima assistindo e torcendo… dá-lhe aposentadoria… rsrsrs.
Olha só a pista do aeroporto da Madeira, é suspensa, a auto-estrada passa por baixo…
E ainda tem embaixo de toda essa estrutura, um Clube Nautico, com vagas para barcos no seco… mais um investimento gigante.
Pronta para ir à lavanderia, mas para lavar tapetinhos, panos de chão, panos de cozinha… porque nossas roupas, lençois, toalhas de banho foram lavadas antes da nossa partida de Lisboa, na “Lavanderia Alfaia”, comandada pela Sandra que deixou cada peça muito cheirosa e passada, que luxo! Só lá mesmo!
Tudo pra dentro da máquina…
Eu peguei uma bela dor de ouvido, depois de visitar esses picos onde o vento era muito forte e frio, aí só andava de gorro, mesmo com calor… fiquei a tomar remédio e nem pude tomar uma cervejinha no último dia. Putz… dor de ouvido é terrivel, coitada da minha prima Fabiana, que vive com essas dores e a gente tira o sarro dela… rsrsrs.
Vamos deixar a Marina Quinta do Lorde, com a satisfação de termos sido muito bem recebidos.
A marina é encantadora, as meninas (secretárias) nos fazem sentir em casa e prestam um serviço pra lá de bom, com muita simpatia e sorriso.
Fica a nossa dica para os amigos que navegam… quando passarem pela Madeira de barco já sabem onde ficar. Na foto abaixo, a secretária Nicole em nossa despedida da marina.
Agora entendo porque a Ilha da Madeira é considerada a pérola do Atlântico, é realmente uma jóia, tem muito a oferecer e claro que não tivemos tempo de ver e provar de todas as suas atrações, mas ficamos com aquele gostinho de quero mais e a vontade de retornar.
Abaixo, segue o video da nossa descida de cesto… rsrsrs.
5 comentários:
Olá Andantes,
venho agradecer por "compartilhar" essa aventura através do blog, gostei muito dessa postagem, afinal, fazia tempo que não publicavam algo detalhado..rsrsrsrs.
Felicidades e que bons ventos levem vocês a outros portos/marinas.
Melhoras para Paula e abraço para Fernando.
Eduardo Aroldo.
Paulinha e Fernando
Realmente muito legal esse local, o que mais curti foram os vários tipos de comidas e frutas... O passeio naquele caixote também é uma aração a parte !!!!!!
Que delicia !!!!!!
Um grande abraço
Lilo
Ola Andantes,
Muito bacana Madeira! Esse passeio no caixote deve ser o maximo!
E as comidas entao, hummm
Vi que ja passaram por Canarias tambem. Que de tudo certo na travessia de volta. Estamos ansiosos!
Grande beijo!
M.
Muito bons seus relatos, mas não passe vontade de comer amêijoas no Brasil. É claro que temos amêijoas. No litoral do Espírito Santo a melhor que comi foi em Manguinhos, município da Serra, região metropolitana de Vitória. Vá ao bar Enseada de Manguinhos e saboreie-as. Lá também são conhecidas como "lambretas".
Não passe vontade de comer amêijoas no Brasil. No litoral do Espírito Santo a melhor que comi foi em Manguinhos, município da Serra, região metropolitana de Vitória. Vá ao bar Enseada de Manguinhos e saboreie-as. Lá também são conhecidas como "lambretas".
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