Foto: Thierry Dapot

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A CAMINHO DO OIAPOQUE

 

Saimos da inusitada Ilha dos Lençois no dia 11 de Novembro às 16h, rumo ao Oiapoque, tinhamos pela frente 520 milhas e um tempo estimado em 4 dias para completar esse percurso. Então vamos lá, na hora de sair fazemos a maior festa, tocamos os sinos que temos pendurados em nossos cockpits e desejamos bons ventos aos amigos velejadores porque sabemos que depois de algumas horas não temos mais nenhum deles no visual.

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Mais um lugar que deixamos e entra pra nossa história, fica na nossa lembrança… (como podem ver a ordem cronológica ficou um pouco prejudicada já que postei a linha do Equador ontem, mas menos de 24h após a nossa saída passamos pela linha, daqui em diante vocês já poderão observar um cara estranho a bordo do Andante… rsrsrs).

Gente, a navegação é tranquila e o vento também, até demais… fico me perguntando – Onde estão os famosos “ventos alísios”, que sopram constantemente por essa região? – Já estou achando que é folclore. Nesse trajeto ocorrem muitos peixes voadores, é incrível! São pequenos, pouco maiores que as nossas conhecidas manjubas e voam mesmo, ficamos observando-os o tempo todo voando sobre o mar aos montes, parecem crianças arteiras fazendo algazarra na rua… é divertido vê-los tão serelepes… mas quando eles caem no convés do Andante (isso acontece principalmente a noite) e deixam o barco com cheiro de peixaria, putz… da vontade de mata-los, mas não é preciso pois nessa hora eles já eram…

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De manhãzinha o Fer (será que é ele mesmo?) vai recolher os fedidinhos que empesteiam o convés e tem um trampo porque não sou poucos não! Retirávamos pelo menos uns 40 peixinhos desses toda a manhã… dá uma olhada no balde!

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Muito mais agradável é a companhia dos lindos golfinhos, que aparecem na popa do Andante e fazem a maior festa, deviam ser uns 10, eram bem maiores do que os vimos em Noronha e quase pretos, mas como todos os outros parecem sorrir pra gente… e dão uma animada no dia, afinal essas travessias longas às vezes trazem um pouco de tédio… não tem muito o que fazer e ficamos num espaço de mais ou menos 15m²… então, que venham os golfinhos!

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Ah… às vezes, pássaros usam o Andante pra descansar… olha esse ai!

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Não contente… resolveu tirar um cochilo em nosso motor de popa… legal né! Rsrsrs.

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Putz… é dia da Festa da Vó, toda a familia Lamberti reunida na Chácara do Tio Valter em Indaiatuba… bendito seja nosso celular via satélite… rsrsrs. Consegui falar com todos, foi a maior festa, fiquei muito feliz e emocionada, confesso! Amo muito vocês todos!!!

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Nossa… às vezes chegava até me arrepiar olhar para o Fer, ele está muito parecido com o Seu Zé… Vixi Maria, ele tá curtindo o bigodon… já eu, to achando meio estranho, mas o que vale é a brincadeira… ahahahahah!

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Passamos à umas 100 milhas, quase 200 km, da foz do Rio Amazonas, mas mesmo assim sentimos a sua força, a correnteza aumenta e vemos nitidamente a cor da água do gigante que não se mistura com a do mar tamanha é sua força… formando uma linha divisória a perder-se no horizonte. Impressionante! Nesta foto pode se ver duas cores na água, mas é claro que não tão fortes como podíamos ver no momento, ao vivo e literalmente em cores.

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Durante todo o percurso vemos mal tempo se formando ao nosso redor… ai meu Deus! Fico sempre com um pouco de medo… e começo a rezar pra que essas nuvens carregadas saiam do nosso caminho… aff!

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Já o Comandante diz – É bom Paula, essas nuvens podem nos trazer ventos melhores para que possamos andar, sair dessa paradeira – Eu hein, deixa assim mesmo! Rsrsrsrs. Mas mesmo com o essas nuvens carregadas no céu, quando chegamos ao Oiapoque fomos brindados com um lindo arco-iris.

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Chegamos ao Cabo Orange, Oiapoque, 85h depois que partimos da Ilha dos Lençois.

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Parada estratégica para descansar e estar nesse marco que é o Oiapoque, estamos no ponto mais ao norte desse país com dimensões continentais que é o nosso Brasil, é uma alegria saber que chegamos aqui com o Andante. Marcão e Daniel do Allegro, vieram a bordo pra tomar o café da manhã conosco, com direito a pão de queijo feito na hora (receita da D.Vani), devia ser uma 6h da manhã… comemoramos!

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O tempo fechou de novo, olha só o Allegro e o Andante com o céu carregado ao fundo. A água aqui é muito barrenta por conta do Rio Oiapoque que desemboca justamente onde estamos, a cor é quase laranja, talvez por isso batizaram esse cabo de “Cabo Orange”.

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Ficamos ancorados nesse lugar por 10 horas, mas antes os malucos Fernando, Daniel e Marcão resolveram ir de bote até a terra, que estava mais ou menos 3 milhas do barco, para que ao menos pisássemos no Oiapoque. Meu… e aquele mal tempo? Como eu era minoria, lá fui eu com o… na mão e eles dando risada de mim, fazendo piadinhas e ainda diziam – Não sei não, mas acho que aquela nuvem gigante e carregada ta vindo pra cá… Vixi! – Bem, não conseguimos colocar o pé no chão do Oiapoque porque ficou muito raso bem antes de chegarmos perto de terra, então colocamos o pé no barro que estava logo abaixo do bote e voltamos… Aff! Esse povo é doido e eu mais ainda de acompanhar! rsrsrsrsrs. Na foto, atrás da gente é o Cabo Orange, o Oiapoque.

Missão cumprida!

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

PASSANDO PELA LINHA DO EQUADOR

 

Gente, passar pela linha do Equador foi realamente uma sensação diferente, se refletirmos bem, no caso eu e o Fer, já passamos pela linha algumas vezes em viagens que fizemos para EUA ou Europa, mas nunca fizemos uma contagem regressiva e nem ao menos sabíamos que estavámos a ultrapassando. É louco! Rsrs.

Navegadores do mundo todo comemoram essa passagem e realizam rituais diversos… nós preparamos a Champagne que ganhamos do Ricardo, uma Veuve Clicquot especialmente para esta ocasião e um queijinho pra acompanhar e ficamos a postos em frente ao CharterPloter pra ver segundo à segundo e poder registrar o tão esperado 00°00’00’’, enfim a “Linha do Equador”. Agora estamos no Hemisfério Norte… Eheheheheheh!!! Mais uma vez custamos a acreditar que realmente estamos fazendo isso, ficamos sempre pensando… imagine quando a gente passar pela Linha do Equador?… Eita, já passamos, temos que aproveitar os momentos pois estão passando muito depressa…Aff!

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O Fer abriu a Champagne, brindamos e ainda um pouco eufóricos já fomos para o Ritual escolhido – tirar a barba do Comandante… ai ai ai!

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Preparamos a câmera, a tesoua e o bom humor… rsrsrsrsrs. Com esse mar azul o Comandante cortava o chumaço e oferecia a Netuno, a barba que ele cultivou desde mais ou menos 01 de Julho e assim foi…

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Depois também cortei o cabelo dele, estava muito comprido, aliás, mais comprido que o meu…

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E assim ele foi se transformando… estava engraçado… ver cada mudança, quando chegou nesse estágio ele entrou no banheiro e pediu que eu ficasse no cockpit até que ele acabasse o serviço… então esperei ansiosa até que ele aparecesse… ai ai ai caramba!!!

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Em homenagem ao Seu Zé, ele deixou o bigode… e vejam o resultado! Eu achei que ele ficou meio mexicano e toda hora tinha uma sensação que não conhecia aquele homem estranho… ahahahahah, foi divertido!

Essa foi nossa passagem pela Linha do Equador!

domingo, 27 de novembro de 2011

ILHA DOS LENÇOIS–MARANHÃO

Chegamos à Ilha dos Lençois com o nascer do Sol, uma visão magnifica… e o melhor de tudo, foi observar a paisagem como se fosse uma cortina se abrindo com os primeiros raios de Sol e nos mostrando toda a beleza da ilha.
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O nosso bravo ANDANTE, já está se achando, com fotos em todos os lugares, parece até que ele pede – Hei! Tire uma foto minha com essa duna branquinha de fundo!
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A Ilha dos Lençois é linda e isolada, existe lá uma comunidade, em mais ou menos 100 casas de madeira com cobertura de folhas de coqueiro, devem morar umas 400 pessoas, que vivem da pesca, tem uma escola que vai até o 9º ano, mas pelo que conversei com uma professora de lá, quase ninguém sai da ilha pra continuar os estudos.
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É inacreditável, mas água doce brota dos buracos que os moradores cavam na areia. Alguns fazem poços no fundo de suas casas, outros buscam no meio das dunas. A vida desse pessoal é muito simples e longe de toda a tecnologia que dispomos e não conseguimos abrir mão hoje em dia, mas que pra eles parece não fazer falta, mesmo as crianças e adolescentes, em sua maioria não querem sair de lá.
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Pegam a água assim, de balde, pra abastecer suas casas.
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Bebemos a água e é realmente muito boa, muito boa mesmo!
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Aproveitamos pra nos refrescar, porque o clima por lá é de deserto.
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A areia vai invadindo tudo, olha só o muro da escola! Mas por outro lado ninguém se preocupa em tirar a areia, ou o lixo que fica espalhado por toda a ilha, o que é uma pena num paraiso como esse. Eles não possuem coleta de lixo e ninguém faz absolutamnete “nada”, fazem o mais fácil, jogam o lixo por todo lugar… é uma judiação!
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Depois de explorarmos a ilha durante horas, caminhando nas dunas debaixo de um Sol de rachar mamona… parada para hidratar… cerveja, e gelada! Que delicia!
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Deliciosos camarões preparados pela simpática Laura, dona desse armazém, onde compramos Jesus… rsrs.
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Era aniversário do Rogério e a comemoração foi com direito à Parabéns pra Você e almoço preparado pela Laura.
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Estava uma delicia, comidinha caseira, arroz, feijão, salada, peixe grelhado… huuuummmm… tudo de bom!
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Depois do almoço, eu e o Fer fomos dar uma volta com o Zé… nossa quando imaginamos onde nós estamos no mapa, vemos que o que estamos fazendo é muito louco mesmo… rsrs.
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Estas praias são desertas e essas palhoças são de pescadores… o lugar é tão diferente, que ás vezes podemos ver algumas vacas magrelas pastando nesta areia quente debaixo deste sol escaldante… isso é no minimo inusitado. O Fernando parece uma criança abrindo um pacote gigante de presente de Natal, cada curva, cada duna, cada palhocinha, cada paisagem é uma descoberta única e muito prazeirosa pra ele, dá pra sentir no olhar… na maneira de agir toda a satisfação de estar desvendando cada canto mais remoto ou mais procurado pelos lugares onde passamos. Que experiência…
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À noite fizemos festinha no Plâncton, afinal ainda era aniversário do simpático Rogério… eu disse que meu pai teria a idade dele se estivesse entre nós hoje e depois disso toda hora ele me diz – Olha! Eu tenho idade pra ser seu pai hein! rsrsrs. Tomamos vinho e comemos petiscos e é claro, muito bem recebidos pelo anfitrião Rogério que é um gentleman. Foi uma noite especial!
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Também buscamos água doce para abastecer nossos barcos aí… sob um Sol daqueles… mas quando olhamos a paisagem a nosso volta e vemos o lugar que estamos, vale a pena todo sacrificio. Quantas pessoas tem a oportunidade de viver essa experiência simples e ao mesmo tempo tão longe da realidade que nos cerca nos dia de hoje?
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Olha a cara da criança quando viu a “galinha (caipira) à cabidela” que ele pediu pra Laura fazer… não sobrou nem os ossinhos da coitada… rsrsrsrs
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A maré aqui no Maranhão é maluca, chega a variar mais de 5m e quando fomos voltar para o barco o “Zé” estava lá no meio do canal e nós havíamos deixado em terra. O Fer foi nadando buscá-lo… Eta lele… academia de graça!
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A Revoada dos Guarás… essas aves são lindas e dão um espetáculo todo final de tarde pouco antes do pôr-do-sol, voltando para o mangue onde descansam durante a noite. Elas salpicam o céu de um vermelho tão vibrante e dão um show ao sincronizarem seus vôos… é realmente fantástico!
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Parecem flores nas árvores… mas são eles… os Guarás!
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Aproveitamos para passear nas dunas com o sol se pondo.
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Uma maravilha… simplesmente encantador esse cenário!
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